terça-feira, 4 de março de 2008

Projeto de desenvolvimento social - Usina Rio Madeiras

O Ponto de vista econômico da Furnas.

Usinas do Madeira

Soluções de desenvolvimento regional sustentável

As usinas hidrelétricas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, não são apenas grandes projetos de engenharia e arquitetura moderna. A construção das Usinas do Madeira faz parte de um grande projeto para o desenvolvimento sustentável da região, integração nacional e para a melhoria de vida das populações de Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso.

Como é. Como será

Hoje, o parque gerador do Estado de Rondônia conta com uma oferta de aproximadamente 800 MW. Com a construção das usinas de Santo Antônio e Jirau serão mais 6.450 MW colocados no mercado, e com a construção de linhas de transmissão para o Acre, Amazonas e Norte do Mato Grosso será possível a conexão com o Sistema Interligado Brasileiro.

Madeira Energia S.A

A Sociedade de Proposta Específica (SPE) denominada Madeira Energia S.A (Mesa) foi constituída com a participação acionária de FURNAS (39%), CEMIG (10%), CNO (1%), Odebrecht Investimento em Infra-Estrutura (17,6%), Andrade Gutierrez (12,4%) e Fundo de Investimentos em Participações (20%). Pelo contrato assinado, FURNAS ficará responsável pela engenharia do proprietário (fiscalização da obra), a gestão ambiental e fundiária do projeto, além da operação e manutenção da usina.

Santo Antônio

Santo Antônio terá capacidade de gerar 3,150 mil megawatts (MW) e o investimento previsto é de R$ 9,5 bilhões, em valores de 2006. O início das obras está previsto para dezembro de 2008. Estima-se que a primeira e segunda unidades geradoras, das 44 previstas, devam entrar em funcionamento em dezembro de 2012. A obra empregará até 20 mil trabalhadores diretos no seu momento auge. As turbinas utilizadas em Santo Antônio serão as maiores em potência nominal no mundo: cada uma terá capacidade de gerar 72 megawatts.

Usinas Santo Antônio e Jirau. A geração de energia é apenas o começo

Os estudos para a construção das usinas hidrelétricas começaram a ser realizados em 2001 por FURNAS Centrais Elétricas S/A. Um trabalho desenvolvido ao longo dos 260 km do rio Madeira, entre Porto Velho e Abunã, no estado de Rondônia. Juntas, Santo Antônio e Jirau vão gerar mais energia para todo o país. Um projeto de aproveitamento múltiplo que amplia a navegação em todo o rio Madeira, de embarcações de maior calado entre Porto Velho e Abunã, possibilitando o incremento da agroindústria, do ecoturismo e integrando as redes fluviais entre Brasil, Bolívia e Peru. As usinas do Madeira vão chegar, e com elas, novas fontes de geração de riquezas e conhecimento.

O ponto de vista de Gilberto Cervinski, da direção nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

De acordo com Cervinski, as obras irão beneficiar principalmente indústrias transnacionais que requerem uma grande quantidade de energia, caso da metalúrgica Alcoa, e não trarão nenhum benefício para a população local - inclusive afetando um número de famílias muito maior do que o que está sendo divulgado pelos estudos realizados.

Qual é a realidade por trás das obras das hidrelétricas no rio Madeira?

Gilberto Cervinski: As hidrelétricas foram planejadas com o único interesse de atender as demandas por energia de multinacionais dos Estados Unidos e da Europa - em especial, as chamadas empresas eletro-intensivas, caso da norte-americana Alcoa. Atende também ao interesse das brasileiras Vale do Rio Doce e Votorantim, que também consomem muita energia; esta última, por exemplo, consome 4% de toda a energia disponível no Brasil.No caso das transnacionais, estas sofrem com a crise energética em seus países e precisam, portanto, transferir suas indústrias para cá. Necessitam de energia barata para se viabilizar. Uma indústria de alumínio, por exemplo, só se viabiliza se paga menos de 34 dólares - ou menos de 70 reais - por megawatt-hora (MWh). A Alcoa recebe da usina de Tucuruí, que é do governo, energia a 20 dólares o MWh, enquanto o povo brasileiro paga mais de 200 dólares por MWh. Isso é dez vezes mais.

Qual será o impacto social e ambiental das obras na região?

GC: Um estudo publicado diz que serão deslocadas 1.800 pessoas, mas de acordo com nossas estimativas cerca de 5 mil famílias serão prejudicadas em toda a extensão de 260 quilômetros do rio afetada pelas obras. As obras vão deixar um legado de muita exclusão social e muito pouco emprego, pois estas indústrias eletro-intensivas não os geram. São empresas de alta tecnologia, automatizadas. As pessoas da região serão expulsas, perderão sua fonte de renda e podem ter como destino as favelas.O investimento é, na realidade, uma loucura. As duas hidrelétricas que obtiveram o licenciamento fazem parte de um conjunto de obras do chamado "Complexo do rio Madeira", que irá custar cerca de 43 bilhões de reais - dinheiro que sairá do BNDES para as mãos de quatro ou cinco empresas transnacionais. A população de Rondônia é de 1,5 milhão de habitantes. Serão investidos no projeto, portanto, 28 mil reais por habitante - ou seja, é um investimento muito alto para algo que não tem nada a ver com as necessidades da população local, que não vai trazer progresso. Quantas casas, quantos hospitais, quantas escolas poderiam ser construídas com esse montante? Quantas famílias poderiam ser assentadas?Os problemas ambientais também são graves, como por exemplo a possibilidade de contaminação pelo mercúrio que será utilizado nas indústrias. Com a liberação, há um documento condicionante, mas qual a garantia que esse documento trará? Está escrito que as empresas precisam resolver problemas em relação ao meio ambiente, mas o que ocorrerá se não resolverem?

O que você acredita que está por trás da decisão de liberar as obras?

GC: O que está por trás é que o governo jogou no lixo sua história de vinte anos. O que estão fazendo é atender aos interesses dos grupos que, de fato, mandam no governo: o capital internacional e grupos financeiros. Teremos que esperar a história mostrar qual será o resultado dos investimentos que estão sendo feitos.Outra coisa é que o Brasil tem um dos maiores potenciais de produção de energia elétrica através de barragens do mundo, e a Amazônia concentra 50% desse potencial. São 110 mil MWh de potência na região. A liberação da construção das usinas significa liberar as obras em todos os rios que possuem esse potencial; por isso essa demonstração, essa sinalização de que as multinacionais podem se instalar na região pois o governo garantirá novas liberações.

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